quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Samba do velhinho - Vinícius de Moraes

Andantes. Acabo de chegar do trabalho e no caminho estava ouvindo a Rádio Roquete Pinto, aqui do Rio de Janeiro, que por sinal está excelente, qualidade lá no alto. Ouvi uma história tão bacana que resolvi entrar aqui e postar para vocês, talvez nem todos conheçam. O nome do programa é "Eles tem histórias para Contar" e é sempre apresentado por alguém diferente, um pesquisador, um jornalista, um músico, enfim, infelizmente não consegui ouvir quem é que estava apresentando, mas ele contou uma história que ficou na minha cabeça. Era sobre Vinícius de Moraes. O locutor colocou o áudio de uma reunião na qual Vinícius estava na casa de Amália Rodrigues e um amigo perguntou sobre uma composição do poeta. Vinícius então contou que era 3 ou 4 da madrugada e ele resolveu fazer um samba, que estava inspirado e iria fazer naquele momento. Mas, de repente, começou a ouvir um choros, como se fosse de velhinhos, numa porta ao lado. Saiu para ver, uma fresta estava aberta, e não deu outra. Tinha um senhorzinho morrendo, gemendo, e um monte de velhinhas em volta, conta Vinícius. Aí ele diz - "Voltei pro quarto e fiquei ali olhando, pensei: que morte mais tranquila..." e entre risos dos portugueses que ouviam a história, ele continua - "Não conseguia mais fazer o meu samba, fiquei ali parado pensando na morte do velhinho, mas o samba foi mais forte, ele queria sair e comecei a pensar no significado de tudo aquilo. Tempos depois eu voltei ali e o velhinho já tinha morrido...". Este samba é o Pra que chorar, com Baden Powell, que curiosamente tem uma temática completamente diferente da que o inspirou. "É um samba muito pra cima, muito alto astral, não sei como consegui compor". É isso aí andantes. Mais uma história da nossa música.

Prá que chorar / Se o dia vai raiar / E o sol já vai aparecer / Prá que sofrer / Se há sempre um novo amor / Antes de o sol se pôr / Prá que chorar se existe amor.....

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